Elia Kazan foi um diretor greco-americano que deixou sua marca em grandes filmes e também em grandes escândalos. Nascido em Constantinopla, emigrou para os Estados Unidos nos anos 30 onde conseguiu trabalhar como diretor de teatro e mais tarde como cineasta, obtendo um grande sucesso de crítica e bilheteria muitas vezes dando vida a roteiros de Tennessee Williams.
Foi membro do Partido Comunista dos Estados Unidos, organização na qual entrou em contato com muitas pessoas da indústria cinematográfica e posteriormente, com o advento do marcathismo, denunciou ex-colegas do partido para o Comitê de Atividades Antiamericanas, ficando para sempre com a má fama que a traição o reservou. Na cerimônia do Óscar, em 1999, recebeu um prêmio honorário e deixou de ser aplaudido por vários nomes que não concordavam com a decisão da academia em premiá-lo.
Porém, a filmografia de Elia Kazan é recheada de filmes sensacionais. Películas profundas, que procuravam extrair uma essência, seja ela de dor ou de amor, de seus personagens e que permanecem na memória de qualquer um que as assista. Alguns filmes da lista enfrentaram forte censura na época do lançamento, pois tratam de temas delicados, como sexo, religião e perversão.
Abaixo, uma pequena seleção dos meus filmes favoritos desse diretor tão subestimado.
Sindicato dos Ladrões (1954)
Sinopse: Terry Malloy (Marlon Brando) é um ex-boxeador que costumava ser grande, mas que se tornou pequeno ao entrar para a gangue exploradora de Johnny Friendly (Lee J. Cobb). Quando um trabalhador inocente morre, Terry sente-se culpado e começa a tentar consertar suas ações passadas lutando diretamente contra o sindicato, sofrendo também as conseqüências. Durante a luta, acaba por se apaixonar pela irmã do falecido, a jovem e inocente Edie Doyle (Eva Marie Saint). Vencedor de 8 Oscar, incluindo Melhor Filme, Diretor e Ator (Marlon Brando).
Clamor do Sexo (1961)
Sinopse: Kansas, 1928. Bud Stamper (Warren Beatty) e Deanie Loomis (Natalie Wood) são dois jovens apaixonados impedidos de consumarem seu amor. Bud, capitão do time do colégio, sofre com a pressão do pai - que deseja que ele vá para a universidade – e a má fama da irmã, Ginny (Barbara Loden). Enquanto isso a sensível Deanie não sabe mais como lidar com sua sexualidade reprimida, o que acaba afetando sua razão e prejudicando o relacionamento com Bud.
Uma Rua Chamada Pecado (1951)
Sinopse: Blanche (Vivien Leigh) vai visitar sua irmã grávida e o marido dela, Stanley (Marlon Brando), que não gosta dela e começa a forçá-la a falar sobre uma propriedade que sabe que foi deixada para as duas. Aos poucos o clima entre Stanley e Blanche vai ficando cada vez mais pesado. O filme é uma aula de interpretação por parte de Brando e Vivien Leigh.
Boneca de Carne (1956)
Sinopse: Archie Lee Meighan (Karl Malden) é um homem de meia idade que é proprietário de uma descaroçadeira de algodão. Archie espera ansiosamente o 20º aniversário de sua mulher, pois nesta data poderá, segundo um trato entre o casal, "consumar" o casamento. Entretanto seu rival comercial, que teve sua descaroçadeira destruída em um incêndio, suspeita que Archie é o responsável pelo incêndio e decide conseguir provas que o incriminem, utilizando a jovem mulher dele.
Vidas Amargas (1955)
Sinopse: Jovem rebelde disputa com o irmão as atenções do pai, que não esconde a preferência pelo outro filho. Para piorar, os irmão passam a rivalizar pelo amor da mesma garota. História baseada no romance de John Steinbeck que por sua vez usa elementos da passagem bíblica do livro Gênesis, sobre Caim e Abel.
O Que a Carne Herda (1949)
Sinopse: Patricia "Pinky" Johnson (Jeanne Crain) é uma jovem mulher de origem negra, mas com a pele bem clara, que após estudar no noroeste, onde se formou em enfermeira, retorna para a casa de sua avó no sul, onde o racismo impera fortemente. Enquanto estudava no norte Pinky se fez passar por branca. Além disto se apaixonou por Thomas Adams (William Lundigan), um médico branco que desconhece que ela descende de negros. Pinky logo é vítima do racismo e, após quase sofrer abuso sexual, decide voltar para o norte. Porém ela é convencida pela avó a ficar para cuidar de Miss Em (Ethel Barrymore), uma idosa senhora que vive em uma mansão decadente, já que foi esta senhora que cuidou da avó de Pinky quando ela teve pneumonia. Entretanto Pinky não poderia imaginar que isto iria mudar a sua vida.